O vírus Influenza, causador da gripe, tem uma característica sazonal: ele circula durante o ano todo, nas diversas regiões do mundo, com predomínio nos meses do outono e inverno.
A gripe é uma doença respiratória contagiosa que pode causar manifestações leves a graves e, às vezes, levar à morte.
Os sintomas da gripe podem incluir febre ou sensação de febre e calafrios, tosse, dor de garganta, coriza, dores musculares ou no corpo, dores de cabeça e fadiga, que se assemelham ao resfriado comum.
O período de incubação da gripe é de 2 dias em média, mas pode variar de 1 a 4 dias. A transmissão de aerossol pode ocorrer 1 dia antes do início dos sintomas; portanto, por meio de pessoas assintomáticas ou com doença subclínica. O pico da excreção viral ocorre entre 24 e 72 horas do início da doença e declina até níveis não detectáveis por volta do quinto dia após o início dos sintomas.
As crianças, comparadas aos adultos, excretam vírus mais precocemente, com maior carga viral e por períodos mais longos, podendo durar de sete a 10 dias ou mais. Imunocomprometidos podem excretar vírus por semanas ou até meses.
Grupos de Risco: Podem apresentar maior morbidade e mortalidade as crianças muito pequenas, adultos idosos, mulheres grávidas e puérperas dentro de 2 semanas do parto, portadores de distúrbios neurológicos, doenças pulmonares, cardíacas e metabólicas crônicas e aqueles que são imunocomprometidos.
Existem quatro tipos de vírus Influenza: A, B, C e D. Ao lado, imagem microscópica do vírus Influenza / CDC.
Os vírus da influenza A, em particular, têm uma notável capacidade de sofrer mudanças periódicas nas características antigênicas de suas glicoproteínas de envelope, a hemaglutinina e a neuraminidase. Os subtipos são classificados de acordo com esses antígenos de superfície.
Entre os vírus influenza A que infectam humanos, três subtipos principais de
hemaglutininas (H1, H2 e H3) e dois subtipos de neuraminidases (N1 e N2) foram descritos.
H1N1 e H3N2 são os principais subtipos do vírus da gripe que infectam pessoas, podendo causar uma pandemia.
No Brasil, a vigilância do vírus Influenza, causador da gripe comum, é realizada por três centros de pesquisa: o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro, o Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, e o Instituto Evandro Chagas, no Pará.
Em dezembro de 2021, foi identificada uma maior circulação, da linhagem “Darwin” do vírus Influenza A (H3N2). A linhagem Darwin não está incluída na composição das atuais vacinas em uso no hemisfério Sul. Seguindo a recomendação da OMS, de 2020, os produtores de vacina incluíram as linhagens de Influenza A/Victoria/2570/2019 (H1N1), A/Hong Kong/2671/2019 (H3N2) e B/Washington/02/2019 (B/linhagem Victoria).
Diagnóstico clínico versus laboratorial – A infecção por um vírus respiratório não exclui a possibilidade de infecção por outro, porque os pacientes podem estar infectados com mais de um vírus ao mesmo tempo.
O diagnóstico de influenza pode ser feito clinicamente, como durante surtos já determinados como sendo causados por influenza.
Em outras ocasiões, é importante estabelecer o diagnóstico rapidamente por meio de testes laboratoriais, como no paciente hospitalizado com início agudo de síndrome respiratória.
A detecção do vírus da influenza pode reduzir testes laboratoriais desnecessários para outras etiologias e uso inadequado de antibióticos, melhorar a eficácia da prevenção de infecções e medidas de controle e aumentar o uso apropriado de medicamentos antivirais
Indicações para o diagnóstico clínico e laboratorial
Pacientes com início agudo de sintomas respiratórios com ou sem febre, especialmente para pacientes
imunocomprometidos e de alto risco.
Pacientes que requerem hospitalização com doença respiratória aguda, incluindo pneumonia, com ou sem febre.
Todos os pacientes com piora aguda de doença cardiopulmonar crônica (por exemplo, DPOC, asma, doença arterial coronariana ou insuficiência cardíaca), cuja causa subjacente possa ser influenza.
Pacientes hospitalizados que desenvolvem início agudo de sintomas respiratórios, com ou sem febre, ou dificuldade respiratória, sem um diagnóstico alternativo claro.
Em crianças para o diagnóstico diferencial com o vírus respiratório sincicial.
Quando realizar o teste para influenza: O teste de influenza deve ocorrer o mais rápido possível após o início da doença, usando amostras respiratórias coletadas dentro de 3 a 4 dias do início dos sintomas, podendo ser acima desta data para testes moleculares.
Tipos de testes laboratoriais: A influenza pode ser detectada por testes de reação em cadeia da polimerase (PCR), coloração direta com anticorpo fluorescente, testes de diagnóstico rápido de influenza, cultura e sorologia (que deve ser usada apenas para investigações epidemiológicas retrospectivas, não para diagnóstico primário). A PCR é preferida por causa de sua sensibilidade e especificidade aumentadas. Se o vírus da influenza for a principal preocupação, a detecção molecular rápida é recomendada. Se outros vírus respiratórios forem preocupantes, painéis de PCR (multiplex) estão disponíveis, com testes para vários vírus respiratórios, incluindo influenza.
TESTES DISPONÍVEIS PARA A PESQUISA DE INFLUENZA: A seguir, um resumo dos principais testes em uso na rotina da maioria dos centros que oferecem o diagnóstico.
Testes de detecção de antígeno para influenza A (incluindo H1N1 e H3N2) e B
Testes moleculares para detecção de influenza A (incluindo H1N1 e H3N2) e B
Outros testes
Influenza e Covid-19
Os sinais e sintomas da gripe não complicada e clinicamente leve se sobrepõem aos da Covid-19 leve, sendo a perda do olfato e do paladar mais comuns com Covid-19 do que com gripe. A febre nem sempre está presente em pacientes com qualquer uma das doenças, principalmente em imunossuprimidos ou idosos.
Devido à sobreposição de sinais e sintomas, quando o SARS-CoV-2 e os vírus influenza estão circulando, o teste diagnóstico para ambos os vírus é necessário para distinguir entre o SARS-CoV-2 e o vírus influenza e para identificar a coinfecção em pessoas com doença respiratória aguda. A coinfecção com influenza e SARS-CoV-2 foi descrita em relatos de casos.
Abordagem clínica: Segundo orientações do CDC dos Estados Unidos, as recomendações em tempos de circulação de Sars-Cov-2 e influenza incluem:
1. Siga as medidas de prevenção e controle de infecção recomendadas.
2. Teste SARS-CoV-2: Teste para SARS-CoV-2 por detecção de ácido nucleico; OU, se não disponível, por ensaio de detecção de antígeno SARS-CoV-2.
3. Teste e tratamento de influenza
a) Teste para influenza se os resultados mudarem o manejo clínico ou para decisões de controle de infecção:
Teste de detecção rápida de ácido nucleico de influenza;
Se o ensaio rápido de detecção do ácido nucleico da influenza não estiver disponível no local, solicitar o ensaio rápido do antígeno da influenza e prescrever tratamento antiviral se positivo OU
b) Prescrever tratamento antiviral empírico o mais rápido possível, sem teste de influenza com base em um diagnóstico clínico de influenza para pacientes com doença progressiva de qualquer duração e para crianças e adultos com alto risco de complicações da influenza.
Para pessoas saudáveis de não alto risco com doenças semelhantes à influenza (febre e tosse ou dor de garganta):
Com doença ≤ 2 dias, o tratamento antiviral empírico pode ser prescrito com base no julgamento clínico.
Com duração da doença > 2 dias, é improvável que o tratamento antiviral da influenza forneça benefícios clínicos
significativos.
Siga as recomendações de isolamento e quarentena para SARS-CoV-2.
Edição 01. Janeiro/2022. Assessoria Médica – Lab Rede
Referências: 1 Ravina, Manjeet, Mohan, H. et al. A changing trend in diagnostic methods of Influenza A (H3N2) virus in human: a review. 3 Biotech 11, 87 (2021). https://doi.org/10.1007/s13205-021-
02642-w; 2. https://www.cdc.gov/flu/professionals/diagnosis/overview-testing-methods.htm; 3. https://www.cdc.gov/flu/professionals/diagnosis/algorithm-results-circulating.htm; 4.
https://arupconsult.com/content/influenza-virus; 5. https://www.covid19treatmentguidelines.nih.gov/special-populations/influenza/; 6. https://www.idsociety.org/practice-guideline/influenza/; 7.
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22445f-Diretriz-_Atualiz_Trat_e_Prev_Infecc_Virus_Influenza_2020.pdf